segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

A COMIDA ENTALADA

Ponho a mesa.
Tiro a mesa.
Gentileza.

A comida entalada na garganta.
Me falta o apetite.

Café da manhã.
Almoço.
Jantar.

Rompe o dia.
Não tenho fome alguma.
Perco o apetite.
As palavras me faltam.
Só o pensamento.

As situações me embrulham o estômago.
E a comida? O que tem ela a ver com isso?
Alimento do corpo.

As boas palavras são o alimento da alma.
Me faltam ouví-las.

Mas sobram incertezas.

Só tenho a certeza:
Café da manhã.
Almoço.
Jantar.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

SERENIDADE

"Dá-me serenidade para aceitar tudo aquilo que não possa ser mudado. Dá-me forças para mudar o que possa e deva ser mudado. Mas, a cima de tudo, Senhor, dá-me sabedoria para distinguir uma coisa da outra."

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O VALOR DO SENTIMENTO

"O imposto moral estabelecido pela sociedade a todas as trangressões atinge mais fortemente, hoje, a paixão do que o sexo. Todo mundo entenderá que X... tenha "enormes problemas" com a sua sexualidade; mas ninguém se interessa por aqueles que Y... possa ter com sua sentimentalidade: o amor é obsceno justamente por colocar o sentimental no lugar do sexual."

Roland Barthes

"ELOGIO DAS LÁGRIMAS"

2. Talvez "chorar" seja por demais abrangente; talvez não se deva reduzir todas as lágrimas a uma mesma significação; talvez haja, no mesmo enamorado, diversos sujeitos que assumem modos semelhantes, mas diferentes, de "chorar". Quem é esse "eu" que tem "lágrimas nos olhos"? Quem é aquele outro que, tal dia, esteve "à beira das lágrimas"? Quem sou eu, eu que choro "todas as lágrimas de meu corpo"? ou que derramo, ao acordar, "uma torrente de lágrimas"? Se tenho tantas maneiras de chorar é, talvez, por sempre me dirigir, quando choro, a alguém, e por não ser sempre o mesmo o destinatário de minhas lágrmas: adapto meus modos de chorar ao tipo de chantagem que, por minhas lágrimas, pretendo exercer à minha volta.

Trecho tirado do livro "Fragmentos de um discurso amoroso" de Roland Barthes.